Capítulo 2
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Cinco anos depois.
Na estação de trem da Capital.
Olivia carregava um montão de coisas nos ombros delicados tentando se apressar.
Atrás dela estavam quatro pequenos fofinhos, balançando como pinguins ao caminhar, todos bonitinhos e delicados, chamando a atenção de todos por onde passavam.
Teresa Rocha, a mãe de Olivia, ficava reclamando sem parar: “Todo santo dia eu me esforço seguindo você, sem saber quando isso vai terminar. Você é mais fértil do que a porca da fazenda, me deu quatro filhotes de uma vez só. Eu fico aqui tomando conta desses pequenos e nem consigo arrumar tempo para jogar Mahjong. Olha só como eu estou vestida, toda remendada, quem mais usa roupa dessa maneira hoje em dia?”
Se a porca que eles tinham em casa estivesse viva para ter filhotes, certamente não teria tido
tantos.
Olivia, carregando muitas bagagens e ofegante, respondeu: “Mãe, você está se cansando demais, eu te prometo que, quando eu conseguir um dinheiro, te comprarei roupas novas.”
Ela tinha retornado à Capital para encontrar um emprego que pudesse pagar um salário melhor. Sustentar quatro crianças não era fácil.
Cinco anos atrás, depois de um homem ter tirado sua pureza, ela planejava procurá–lo com o pingente, mas a casa velha havia desabado, e ela estava bem onde o teto tinha caído, escapando
por pouco.
Depois de três meses, descobriu que estava esperando um bebê.
O mundo de Olivia desabou, e ela pensava em cobrar a responsabilidade do homem.
Mas o pingente que ele havia deixado com ela tinha sido soterrado pelos escombros, provavelmente reduzido a pó, e ela não conseguiu encontrá–lo mesmo depois de muito procurar.
Parecia ser impossível descobrir quem era o homem, sem o pingente e sem ter visto direito o rosto dele.
Ela ficou desolada, pensou em fazer um aborto, mas não teve coragem de tirar a vida que crescia dentro dela e resolveu largar a escola para cuidar dos filhos.
Com o passar do tempo, as quatro crianças alegraram a sua vida, tão cheia de cansaço, mas também colorida, e ela deixou de lado a ideia de encontrar o homem.
Viver em uma cidade competitiva como a Capital, sem diploma, ganhar dinheiro era muito difícil.
Teresa, com um semblante sério, disparou: “Você mal consegue ganhar o suficiente para comprar o leite das crianças, como vai poder comprar algo pra mim? Olha só, além de cuidar dos quatro, ainda tenho que carregar todas essas malas, estou exausta!”
“Vó, deixa que eu ajudo você a levar a bolsa.”
O pequenino Heitor Torres, com seu rostinho charmoso e um semblante sério, as deixou surpresas ao se oferecer para ajudar, segurando a bolsa de Teresa,
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Heitor era o irmãozinho responsável, e ao distribuir a água entre seus irmãos, aliviava o peso sobre
a avó.
“Vó, fique calma, pois eu vou massagear as suas costas quando a gente chegar em casa,” disse Joel Torres com uma voz que esquentava o coração.
O pequeno Joel era muito lindo, com olhos que pareciam amêndoas, e com pele clara.
“Vó, eu vou preparar para você um escalda–pés,” prometeu Iria Torres, com seus grandes olhos com cílios longos e rosto gordinho, uma linda bonequinha.
“Vó, eu vou cozinhar para você,” se ofereceu Inês Torres, com seus lindos olhos brilhantes e um
boné cheio de estilo.
As quatro criancinhas, com suas vozes infantis, falavam ao mesmo tempo, enchendo o coração de Olivia de amor e fazendo desaparecer todo o cansaço, deixando–a cheia de ânimo.
Seus filhos, Heitor, Joel, Iria e Inês, eram um modelo de lar feliz.
Heitor e Joel, os irmãos mais velhos, e Iria e Inês, as irmā.
Com o passar dos anos, por mais que Olivia estivesse exausta, bastava somente olhar para os sorrisos puros de seus filhos para que todo o cansaço sumisse.
As conversas inocentes das crianças chamaram a atenção das pessoas que caminhavam na estação, que olhavam curiosas e alegres em sua direção.
“Se revezam para cuidar da avó com massagens nas costas, cuidados com os pés e até cozinham? Essa senhora é mesmo sortuda,” disse uma pessoa que estava passando, sentindo inveja de
Teresa.
“Essas crianças são lindas demais, que pais conseguiram criar esses bebês tão bonitos e responsáveis?” disse uma mulher de aparência culta, sorrindo enquanto falava.
Todos não paravam de dizer coisas maravilhosas a respeito dos quatro pequenos.
Teresa, que antes só reclamava, ao ouvir esses comentários, abriu um sorriso tão grande que mal cabia no rosto e começou a falar para as pessoas: “Eu sou a avó deles, minha filha é mãe de quádruplos, viu?”
Ao dizer essas palavras, transbordava um imenso orgulho e satisfação que desejava que todos soubessem que aqueles encantos eram filhos de sua filha.
“Eles são verdadeiros anjinhos enviados por Deus para nos trazer alegria, cada um mais amável e atento que o outro, e além de tudo isso, respeitosos,” Teresa tagarelava para a plateia que ia se formando.
Olivia não se importava com o que Teresa falava, pois finalmente estava abrindo o coração e se enchendo de alegria, e ela não desejava interromper aquele momento.
Depois de caminharem um pouco mais, finalmente chegaram ao lugar onde moravam.
Nos últimos anos, Olivia estava morando em uma casa alugada na Capital, pois lá o salário era melhor.
Sua mãe, Teresa, tomava conta das crianças em casa.
Dessa vez, ela havia voltado para a cidade natal a fim de resolver uns assuntos e, depois de uma
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semana, retornou à Capital.
Olivia estava carregando algumas sacolas, nas quais havia alguns itens de uso diário, e a maioría pertencia aos quatro tesouros.
Depois de arrumar a casa, disse à Teresa: “Mãe, tenho um serviço extra à noite e preciso sair agora. Tem ovos na panela à vapor, quando ficarem prontos, pode dar para as crianças comerem.”
“Está bem, está bem, pode ir. Tome cuidado na rua, Teresa respondeu sem muita paciência, mas mesmo assim, ficava preocupada com a segurança da filha.
Olivia saiu levemente maquiada.
Ela havia conseguido esse serviço extra enquanto estava no trem.
Fazia parte de um grupo de serviços, onde postavam trabalhos aleatórios com a diária paga.
Dessa vez, iria trabalhar como garçonete por uma noite em uma boate, o trabalho era simples: servir os clientes com o que desejassem e, também, tentar vender a bebida especial da casa.
Capital, Mundo Nublado.
Olivia teve que colocar o uniforme da boate.
O uniforme era um vestido preto, bem colado e curtíssimo, que quase revelava as coxas e um decote em V que a fazia se sentir desconfortável com a possibilidade de mostrar ainda mais.
Ela não estava acostumada a se vestir dessa maneira.
Mas esse trabalho pagava dois mil reais por uma noite e, se conseguisse vender algumas garrafas de bebida, ainda iria ganhar comissão.
Mesmo que não conseguisse vender nada, os dois mil seriam suficientes para comprar roupas para a próxima estação para os quatro pequenos, já que as do ano passado já estavam pequenas.
O outono tinha chegado e as crianças ainda não tinham roupas mais quentinhas.
Para ganhar aqueles dois mil reais, ela deveria se acostumar com o desconforto.
“Olivia, a suíte V8 pediu um cigarro de primeira, leve até lá. E não esqueça de oferecer as duas garrafas sobre essa bandeja, cada uma custa duzentos mil reais. Se você conseguir vender uma, vai ganhar dez mil de comissão,” disse o chefe da boate a chamando e lhe entregando a bandeja.
Olivia concordou rapidamente: “Tudo bem, vou fazer o melhor possível.”
“Fique atenta, a suíte V8 está repleta de pessoas importantes, seja educada, não queremos ter problemas com elas,” alertou o chefe.