Chapter 2: Capítulo 2
Chapter 2: Capítulo 2
Luan Lira (LL)
(10 anos atrás...)
— Mãe quer que eu fique aqui com a senhora? – sinto a minha barriga roncar
— Não meu filho – ela passa a mão pelos meus cabelos — Você trabalhou muito hoje, pode ir ver a
sua amiga
Eu não queria sair e deixar a minha mãe sozinha, eu tinha medo de sair e o pai não me encontrar em
casa e acabar batendo nela, como já aconteceu algumas vezes.
— Seu pai está bebendo por aí, vai chegar bem tarde – ela beija a minha bochecha
— Vou lá Rapidão
Saio de casa indo para a casa da Sami, arrodeio o bar e subo umas escadas de madeira que tinha ali
dando na lage dela, me sento no parapeito e a espero.
— Luan desculpa a demora eu não estava encontrando o Nescau – ela me entrega um copo de
achocolatado
Eu passei o dia só com um pedaço de pão velho na barriga, tava com muita fome, mas eu não podia
falar nada, Summer também precisava comer e se eu falasse que não tinha nem almoçado era capaz
dela ir dormir com fome.
— ...Ele me chamou de favelada e feia – ela suspira encarando o chão
Apesar da idade eu achava a Sami a menina mais linda do mundo e principalmente quando ela
esbanjava aquele sorriso sincero, na maioria das noites eu só vinha para vê-la.
— Você é a menina mais linda que eu já conheci
Além de ser muito bonita, foi a única que me tratou com uma pessoa normal, sem nenhuma espécie
de preconceito, mas teve um dia que ela foi embora e esse foi o pior dia da minha vida além dela ter
ido embora eu entrei para o tráfico. Depois de me despedir dela, eu fui para casa bem triste e a minha
tristeza piorou quando eu vi o meu pai batendo na minha mãe, tentei impedir mas quando eu fui ajudá-
la já foi tarde de mais.
Eu tinha 11 anos quando decidi da um basta naquela vida, subi o morro em direção a boca principal
onde ficava o polegar (dono do morro) chegando lá pedir para entrar para o comando e depois de
provar o meu valor comecei como pipeiro, depois aviãozinho e foi aí que a minha vida deu uma
levantada.
(Presente...)
Cheiro duas carreiras de pó para ajudar os manos na vigia da madrugada, apesar de eu ser o sub, eu
as vezes dava uma moral na guarda da noite. Eu tinha subido muito rápido, de vapor já pulei para sub
e passei a comandar 4 das 7 bocas principais, responsa do carai.
— Achei que tu tava na tua goma filhote – ele faz um toque comigo
— To fazendo a vigia com os manos – bolo um cigarrinho verde
— E esse empenho todo aí é por ca de que? – LB pergunta tirando um cigarro do bolso
— Sem vontade de DR com a Amanda, prefiro ficar aqui marolando – dou uma tragada — Aquela
mina é foda e antes que eu perca a cabeça meu chapa, prefiro ficar aqui.
Minha mãe sempre me ensinou que em mulher não se bate, foda-se se ela da para todo mundo ou se
ela é a santinha, quem bate em mulher é um grande filho da puta, então eu prefiro passar a noite
trabalhando para chegar em casa de cabeça fria e não cometer nenhuma merda, do que ir agora para
casa e cair a mina na porrada e amanhã eu me arrepender.
— Você é o cara mano, se fosse eu só dava um soco queria ver não ficar pianinho depois.
Coloco a minha fuzil de lado e me encosto na parede e prefiro não falar nada, ele sabe que eu odeio
isso, apesar de ser o meu melhor amigo tem coisas que ele faz que eu prefiro nem comentar, para não
descer mão nele e acabar perdendo a amizade
— Amanda tá assim porquê tu foi no asfalto ver tua patricinha?
Quando eu estava bem puto da vida, como eu não sou fichado, eu descia para o asfalto só para ver a
Summer, mesmo não podendo chegar nela, eu só a via de longe e aquele sorriso que ela sempre
esbanjava me deixava mais sussa e eu voltava de boas, era melhor que maconha.16
— Nem tô indo, os trutas já estavam me marcando – percebo que o sol já estava querendo aparecer
— Ela tá puta porquê é doida
Jogo o meu cigarro fora e faço um toque com ele
— Vou lá que mais tarde tem bailão e eu quero tá pique playboy.
[...]
— Luan? – sinto alguém me cutucando
— É LL porra – resmungo virando de bruços para continuar dormindo This content provided by N(o)velDrama].[Org.
— Caralho acorda, o polegar tá trás de tu
— Que porra, pode nem dormir nesse caralho – levanto puto com ela
Tomo um banho rápido, escovo os dentes, dou uma esvaziada e visto uma bermuda, coloco a camisa
no ombro, pego o meu fuzil e pico dali. Sol do Rio de janeiro perdoa neguinho não, eu estava me
sentindo como um frango, sendo assado.
— Aquela menina era tão fofinha, eu queria coloca -la em um pote... – escuto uma voz que eu
conhecia muito bem vindo na minha direção
Depois de tantos anos eu não queria encontrá-la justamente para não ver a cara de decepção dela ao
saber que eu me tornei um traficante, braço direito do dono do morro. Mas por sorte ela passa direto,
parecia focada no assunto com a amiga.